quarta-feira, 21 de junho de 2017

"minha carne não é para o seu bico, queridinho!" - 1º capítulo

na última vez que fui pra Fortaleza, contei pra minha avó que talvez fosse fazer uma viagem a trabalho pra Joanesburgo (África do Sul). eu só contei essa história pra ela porque: a) eu tinha certeza de que não ia rolar; b) eu estava "um pouca" impressionada com as recomendações para a bendita viagem e insanamente curiosa em relação à reação dela.
na reunião de planejamento do evento lá no trabalho, depois que falamos da parte técnica da feira, as meninas que já tinham feito esta viagem informaram que a Embaixada Brasileira recomendou que não andássemos sozinhas sob hipótese alguma, explicando que lá há muitos casos de estupros e de canibalismo. é óbvio que eu fiquei apavorada, especialmente porque alimento uma família de canibais por muito tempo.
fui pesquisar e vi que sim, há muitas recomendações de se ter cuidado, como indicamos para um amigo que vá pra Fortaleza, por exemplo. nós, "os nativos", evitamos alguns lugares e sabemos que devemos andar atentos (e fortes). porém, a questão do estupro é bem séria: no Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos; na África do Sul, a cada 27 segundos 😱
quando contei essa história pra minha avó, ela ficou doida com a possibilidade de um canibal me pegar (ignorou por completo a questão do estupro)! expliquei que a chance de ir era mínima e que, se rolasse, ia ficar o tempo inteiro com a delegação e que tomaria cuidado e talz.
voltando pra brasólia, confirmaram a viagem. conversei com amigos que viajaram pra lá e disseram que a embaixada estava dando uma apavorada básica (mas entendo que é o papel dela fazer isso). tal qual acontece em Tieta, no momento em que me disseram que a viagem ia rolar, minha família toda ficou sabendo e minha avó (a póbi) ficou preocupadíssima.
ligou pro meu irmão, que passou o recado no whatsapp e eu liguei pra ela na sequência:
-- minha filha, você vai mesmo ser devorada? porque você só anda nesses cantos?
-- calma, vó! vou viajar, mas --
-- eu tô muito preocupada! você me prometa que não vai se meter com tribos de canibais!
-- vó, eu tô indo pra uma cidade grande, lá não tem tribo nenh --
-- não interessa! esses homens são tudo fortes! o que eles comem deve dar sustança!
-- huahuahuahuahuahua
-- você tá rindo? ah, mas eu tô muito preocupada! perguntei até pro Chico (meu tio) se os canibais te colocariam num caldeirão! ele disse "seria um desperdício, mamãe! Raquel ficaria muito mais suculenta no espeto!"
-- com a maçã na boca! huahuahuahuahuahua
-- minha filha, tome cuidado... canibal não gosta de mulher das pernas secas! olha essa sua coxa! eles vão ficar loucos! [minha mãe me lembrou nos comentários dessa outra parte do carão que a vó me deu]
-- vó, já lhe disse, vou pra uma feira internacional, num vou ficar batendo perna tresloucadamente por aí não...
-- e os canibais não podem entrar na feira não?
-- não vende carne humana na feira, posso garantir pra senhora!
ela foi se acalmando (pelo menos achei que sim, parou de gritar no telefone) e me fez mil recomendações pra não entrar em caldeirões e nem aceitar convites de tribos. no final, ela me pediu pra levar uma lembrancinha: "mas não quero nada de canibal, viu?"
e esta foi a primeira parte desta saga que se desenrolará nos próximos dias -- sem mordidas, espero!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vó Tereza saiu do hospital! \o/

pessoas, minha avó recebeu alta do hospital hoje e já está truando loucamente em casa! \o/ aproveito para agradecer mais uma vez por toda...