quarta-feira, 28 de junho de 2017

encosto de curupira tá na moda

essa vida de mascate que passa o dia viajando né de Deus não!
especialmente depois de eu ter viajado atrás de uma gringa doida. quando eu entro no avião, enquanto estico as pernas, os olhos fecham (acho que são tendões interligados).
a gringa, além de ter encosto de curupira (é daquela odiosa laia dos que viajam com os pés pra baixo do próprio banco (bem dizer uma galinha num poleiro).
quando eu estiquei as pernas, encostei no pé dela. a criatura virou o Hulk e deu um pisão no meu pé, como se tivesse "armagaiando" uma barata! eu quase mostrei pra ela o meme da Luciana Gimenez ("mas cê tá brava?"). #aloka
pelo menos não foi ninguém do meu lado e eu dormi parte considerável da viagem (sem ser pisoteada outras vezes pela curupira surtada).
já em Guarulhos, eu pergunto: que calor infernal é esse? cheguei muito perto de dar uma pilôra, e tô louca pra ver se o frio que tá em brasólia me aguarda!
depois dessa peleja monstra, finalmente embarquei no último trecho que me separa do meu chuveiro maravilindo e da minha cama querida! 

"minha carne não é para o seu bico, queridinho" - último capítulo

no penúltimo capítulo da minissérie "minha carne não é para o seu bico, queridinho", tive uma experiência mediúnica com a TV do quarto do hotel, mas fui firme e não fiz igual à piveta do poltergeist (que eu achei a vida inteira que ela se chamava Querolaine, mas o Google disse que o nome dela é Carol Anne).
ontem foi o último dia da feira, ou seja, o dia voou! além das atividades no nosso próprio stand, pude dar uma volta finalmente no pavilhão chinês e no de alimentos.
o pavilhão chinês foi uma experiência diferente do que vi nas feiras que participei. em alguns stands, os representantes nem inglês falavam... havia milhões de equipamentos e traquinagens que só Deus sabe pra que funcionavam (e eu não tive coragem de perguntar).
o que mais me chocou (sem trocadilho) foi um stand que vende ovo cozido embalado a vácuo. havia ovo como conhecemos e também um ovo menor e preto -- fiquei imaginando se seria de cobra, mas explicaram muito toscamente que era ovo de pata com shoyu. não me deixaram tirar foto, tampouco me deram uma amostra (aquelas baitingas!)
já no pavilhão de alimentação, muitas coisas animadas (algumas nem tanto): proteína de soja sabor frango, cerveja de pêra, chocolates mil (inclusive russos), chás do Zimbábue e de muitos outros lugares, biscoitos, queijos...
de lá, fomos na loja de artesanato ao lado do centro de convenções. eu tinha o equivalente a 8 reais em moeda local, mas lá eles trocam dólar e fiquei rica de novo, além de começar a me preocupar seriamente se as coisas caberiam na minha mala!
depois voltamos para o nosso pavilhão e começamos a fazer jogo com os outros stands. nosso principal esquema foi com os coleguinhas do Sri Lanka (tô com algumas amostras do creme de mãos com cheiro de véi-besouro, vamo ver quem vai se aventurar!)
saímos nos arrastando, mas felizes por ter dado tudo certo. deixamos nossos pacotes no hotel e fomos gastar a minha neo riqueza. em 15 minutos o encosto do João Grilo voltou ("fico rico, fico pobre!"), mas valeu a pena!
levamos uma surra no jantar (comida boa, muito bem servida e barata), fomos esperar o nosso transfer pro hotel e começamos a conversar sobre como era a minha técnica pra ganhar amostras boas (as meninas ficaram chocadas de eu ter conseguido uma ruma de coisas de novo) e também sobre as próximas feiras (a próxima internacional deve ser no Peru) e eu disse que o meu espanhol é sofrível.
contei que, antes de ir pra Barcelona, fiz metade do curso de espanhol do Duolingo. não sei se alguém já teve experiência positiva nesse aplicativo, mas eu ficava tão confusa com as aulas que não sei dizer se usei muita coisa... a confusão nem é com a didática, mas com as frases que eles usam pro aprendizado, que não tem nem aplicabilidade prática. uma, em especial, entrou no meu coração e é a minha frase favorita na língua: "el cangrejo bebe la leche" ("o caranguejo bebe leite" -- ???)
conversávamos e ríamos alto na van e nem nos tocamos que o pessoal que estava atrás da gente parou de conversar, pra ouvir as marmotas. estávamos rindo e falando esganiçadamente "el Mandelito baila lo despacito" e eles nos abordaram, para perguntar, afinal, em que língua nós estávamos falando. pedimos perdão pela zoada e explicamos que éramos brasileiras, e eles fizeram "ahhhhh, Brazil...". eles eram italianos, mas ou estavam muito comedidos ou nós estávamos felizes demais 
depois foram 2h conversando com a mala e com a mochila para convencer as coisas a caberem todas lá. quando finalmente terminei, não tive condições de fazer nada que não dormir e resolvi "escrever a minha coluna", como diz o Davi, já no aeroporto.
coloquei o despertador para 6h, mas, 10 pras 6, adivinhem quem voltou para me perturbar? a TV maluca! e dessa vez não tinha mensagem nenhuma! 😱😱😱
peguei meus panos de bunda e deixei o quarto pro espírito que queria ver TV!
agora estou no aeroporto, me preparando psicologicamente para o pau de arara de quase 11h até São Paulo e rezando pra nenhum bêbo se sentar do meu lado!

segunda-feira, 26 de junho de 2017

"minha carne não é para o seu bico, queridinho!" - penúltimo capítulo

no capítulo de ontem, da minissérie "minha carne não é para o seu bico, queridinho!", comi rabo de crocodilo e depois fiquei me perguntando se é igual a rabo de calango (que fica balançando depois de cortado). além disso, para desespero dos que não querem me ver nem pintada de oiro, foi malz aí! 
resumo do dia:
-- já quebrei tantas unhas que tô impressionada de ainda ter sobrado algo pra quebrar (não sei o que está havendo, mas tá essa maluquice);
-- na feira o babado foi fortíssimo, ficamos em pé, correndo de um lado pro outro, as pernas tão num nível de destruição que acho que só ficavam quando eu ia pro Fortal por 5 dias;
-- fugi pra uma feira paralela e gastei o que tinha e o não tinha. em moeda local eu fiquei com o equivalente a 8 reais até voltar! tive que passar as compras de uma amiga no cartão pra levantar um troco pros últimos momentos aqui;
com toda essa agenda, não consegui ir no pavilhão doideira de comidas da China, mas amanhã vai rolar!
depois dessa surra de cipó, fomos bater mais perna atrás de coisas animadas na Mandela Square e terminamos a noite num restaurante Tailandês que já estamos quase sócias.
quando cheguei no quarto, a TV estava ligada, dizendo que tinha uma mensagem pra mim. "ã-hã, Cláudia, senta lá!", pensei, desliguei a TV e comecei o processo de me desmontar.
mas a TV fez um barulho e ligou de novo! achei esquisito, desliguei o coiso de forma enérgica, mas a baitola da televisão ligou de noooovoooo! 😱😱😱
eu pensei várias coisas ao mesmo tempo:
1. satanás, é você?
2. será uma pegadinha do Silvio Santos?
3. que porra é essa?
liguei pra recepção, perguntando o que poderia estar estando havendo e o atendente disse que mandaria um técnico no meu quarto. depois disso, acho que ele deve ter limpado a bunda com o papel que escreveu a minha solicitação, porque eu fiquei meia hora feito vaca esperando esse homem e nada.
encarei a TV e disse: "tu só vai parar de me azucrinar quando eu ler essa mensagem, né?". quando finalmente li, fiquei mais apavorada ainda: tá faltando água em Joanesburgo até amanhã de manhã!!!
fiquei agoniada, tava pura a macaco morto a tapa, não tinha nenhuma condição de dormir podre do jeito que estava! me preparei pra eventualidade de tomar um banho com a garrafa d'água no quarto, mas, benzadeus, tinha água o suficiente pra eu não ter que recorrer a um banho tcheco!
agora estou me sentindo quase um ser humano novamente e aquele sentimento melancólico de "tá acabando" tá se apoderando de mim 

domingo, 25 de junho de 2017

"minha carne não é para o seu bico, queridinho!" - 6º capítulo

emoções do capítulo anterior, da minissérie "minha carne não é para o seu bico, queridinho!": contrariando as expectativas de muitos, não encontrei (benzadeus!) nenhum macaco nas minhas andanças! atendendo ao meu histórico de mazelas, levei uma dentada de um filhote de leão.
o que me esqueci de contar ontem foi que, na hora que o bicho resolveu deslocar a mandíbula tentando cravar os dentes na minha pequenina panturrilha, o cuidador falou bem alto: "Neymar!"
eu ainda tava tentando me recuperar do susto, quando ele falou de novo. olhei pra ele confusa e ele disse que os nomes dos filhotes eram Neymar, Marcelo, Robinho e Rodrigo e Tchu (pelo menos eu entendi assim). aqui são loucos por futebol brasileiro e vi que muitos entendem o que falamos em português aqui, mas não falam.
hoje começou a feira em que vim trabalhar e, tirando o turbilhão que todo evento é, foi muito divertido, ó! depois das primeiras horas, em que ficamos correndo de um lado para o outro, fazendo os ajustes até já esperados, eu pude dar uma volta no nosso pavilhão.
tem horas que eu penso que tô numa grande feira de ciências (e adoro!)... o primeiro stand que fiz questão de visitar foi do Sri Lanka (ok, sei que o nome é Ceilão, mas Sri Lanka é tão mais sonoro)! eles levaram produtos para a pele e óleos anti stress e de relaxamento, com base nos ingredientes típicos (a maioria orgânica) do seu país.
depois de ir lá algumas vezes já fiquei amiga da moça que faz a demonstração e ganhei umas amostrinhas! voltei toda feliz (sou canelau, adoro brinde!), comentei com o pessoal do meu stand sobre as coisas expostas no outro e uma das meninas disse que tinha ganhado um creme hidratante pra mãos de lá, mas que era podre. eu experimentei e posso dizer: no começo, o bicho é puro a véi; depois, fica com um cheirinho de besouro. tô levando essa maravilha pro Brasil, alguém se habilita?
outro stand que visitei foi um indiano, que vendia redes feitas à mão (saudade da rede incrível que comprei em Jaguaruana, na viagem da cadeira "Comunicação e Cultura Popular", com o Gilmar de Carvalho). eles tinham vários tipos de redes (inclusive as nossas, que eles chamam de "brazilian hammocks"), e fiquei balançada (infelizmente, este balançado não foi literal) a voltar lá depois e comprar algo.
provei suco Tang de gengibre (tô levando pra galera provar!), ganhei um kit de sobrevivência do tamanho de um cartão de visitas para ficar numa ilha deserta, ganhei um spray pra dar brilho ao cabelo (que também pode ser usado em perucas, me garantiu a moça que me atendeu!)...
recebi até 15 minutos de massagens nos ombros, com um troço que dá pequenos choques (fiquei me sentindo a Cinira, de Tieta, e foi ótimo). o doido do vendedor queria me empurrar o bicho (que é maravilhoso, admito) por R$ 1.200,00. eu sabia que, se disse que não ia comprar, ele ia tirar os eletrodos e a brincadeira ia acabar... fiz que não entendia o que ele falava, até que o horário da feira acabou e eu não comprei o babado, mas fiquei na massagem o máximo que pude!
depois seguimos pro Moyo, um restaurante interessantíssimo, com direito a pintura étnica no rosto e pratos mais exóticos (num preço maravilhôusorrr). desde que combinamos de ir, eu disse que ia comer crocodilo. na hora, quase todo mundo me olhou como se eu fosse louca (todo mundo sabe que eu sou normal, né?), mas uma das meninas comentou:
-- ah, carne de crocodilo é gostosa, parece peixe... eu já comi muita carne de bicho diferente, mas a minha favorita é a de gambá!
-- tu tá falando sério? (eu realmente fiquei chocada, nunca tinha ouvido falar que fosse uma carne saborosa).
-- olha, vou muitas vezes pra Goiânia de carro e, na próxima, eu passo em Brasília e levo um gambá pra ti!
-- eu admito que estou muito curiosa, mas se eu colocar um gambá, mesmo morto, na minha casa, periga a minha mãe me matar ou trocar a fechadura das portas da frente (ou as 2 opções).
voltando ao Moyo, pedimos a entrada (torta de rabo de crocodilo), sob o olhar incrédulo da maioria da mesa. é claro que eu não ia deixar passar a oportunidade de provar uma coisa dessas! depois que o resto do povo viu que eu e a outra corajosa que topou dividir o coiso comigo gostamos, provaram e aprovaram a iguaria.
agora que já atravessei essa fronteira, tô me preparando pra ir amanhã no pavilhão das comidas, me aventurar mais um pouco. o receio é que grande parte dos expositores lá são chineses, e, quando se trata de comidas exóticas, eles ultrapassam todos os limites! oremos 🙏


sábado, 24 de junho de 2017

"minha carne não é para o seu bico, queridinho!" - 5º capítulo

no episódio de ontem da minissérie "minha carne não é para o seu bico, queridinho!", fui dormir elétrica com a perspectiva de ir para o safári e apavorada com a possibilidade de um macaco pular em cima de mim no passeio (especialmente depois que o meu irmão mandou um link de um macaco que atacou um povo num safári aqui na África do Sul).
o carro com os coleguinhas passou pra me pegar às 7h30. como todos devem se lembrar (não custa reforçar, vai que alguém ainda não entendeu?), sou a jumenta que não tem direito a café da manhã.
tomei um leite e desci quase correndo, pra não perder a lotação. por ter acordado num horário imoral de cedo, meu estômago nem tinha despertado pra fome ainda!
já no caminho para o Lion Park, conversávamos com o motorista sobre o que poderíamos fazer no passeio, e talz, e fiz a pergunta de 1 milhão de dólares:
-- moço, tem macaco nesse parque?
-- não, não há macacos no Lion Park!
o povo no nosso pau de arara ficou curioso pra saber porque eu não queria encontrar estas criaturas e eu tive que contar toda a história -- desta vez em inglês, porque havia um indiano na comitiva, além do próprio motorista não falar português!
já bem mais aliviada, seguimos o resto da viagem. quando chegamos ao parque (só tínhamos cerca de 1h30 até sair de lá para um dos compromissos de trabalho), fomos tentar fazer o safári guiado, naqueles caminhões beges (benzadeus não era naqueles jipes que parecem o carro dos Flintstones!), mas o carro só poderia sair dali a meia hora.
então resolvemos seguir pra explosão de fofura que era a sala dos leões bebês ❤️
eles são frenéticos e ficam pulando o tempo todo na gente (azunhando o que tiver no caminho, essas coisas). o rapaz do parque pegou o meu celular pra me fotografar com eles e um dos doidinhos resolveu começar a morder a minha echarpe. eu tentei puxar o pano com jeito, pra nem desfiar e nem o bicho ficar estressado; resultado: a echarpe desfiou e ele deu a volta pela minha perna e NHAAAU na minha panturrilha!
o grito que eu dei, socorro! não doeu, foi mais o susto, mesmo! e eles ficaram lá, afiando as unhas na minha legging, e eu me senti no comercial da Vivarina, em que os gatos ficavam grudados na meia calça da mulher.
os filhotes conseguem ser fofos e aterrorizantes ao mesmo tempo: eles ronronam meio que rugindo, dá um "arrupêi" no cangote, só de ficar perto!
depois desse momento singelo, fomos para o safári propriamente dito; os bichos não ficam enjaulados, mas num espaço amplo (porém limitado) em que gnus ficam separados de leões, que ficam separados de girafas, que ficam separados de wild dogs (achei que seriam um tipo de chacal, mas não sei ao certo), que ficam separados de avestruzes.
que coisa incrível, gente! esses animais, que eu já tinha visto milhares de representações, agora acho que tomaram a proporção exata; eu sempre achei que gnus eram imensos (são do tamanho dum boi, eu achava que eram de búfalo pra cima!); leões são imponentes mesmo, realeza pura; a girafa que vimos eu achei a póbi meio abrôcaiada, mas super fófis; os avestruzes parecem um capote que tomou bomba; e os wild dogs são apavorantes -- têm um comportamento meio gangueiro, do tipo "se tu mexer comigo a minha gangue te come de garfo e faca, tá ligado?"
depois do passeio fomos voados pro compromisso numa unidade de uma grande rede de supermercados aqui. a visita começou e a minha fome já tava indo prum nível alarmante, e o setor em que estávamos não tinha uma amostra grátis, pra eu enganar o estômago 
deu meio dia e eu tava quase rosnando (e mordendo!), igual aos filhotes (mas sem ser fofa). foi à beira da pilôra que finalmente chegamos a uma parte em que tinha as benditas amostras grátis e eu provei "biltong".
são pedaços de carne crua temperados com vinagre e pimenta e depois seco num ventilador, por 4 dias. não sei se era a fome, mas comi que repeti e tô levando um pouco para o Brasil 😈
depois disso fomos conhecer o espaço em que ocorrerá a feira e nos prepararmos para amanhã. como vamos ficar o dia trabalhando, imagino que o capítulo de amanhã seja menos emocionante, mas quem sabe?


sexta-feira, 23 de junho de 2017

"minha carne não é para o seu bico, queridinho!" - 4º capítulo

previously, na minissérie "minha carne não é para o seu bico, queridinho!", um bagaço humano foi para o meu quarto no meu lugar.
desmaiei por mais de 10h (ooooh, Glória!) e acordei quase uma pessoa, como há muito não ocorria (quase não me reconhecia). além disso, as maravilhosas mensagens e ligações me colaram um sorriso no rosto por quase o dia inteiro! porque fazemos aniversário só uma vez por ano? 
voltando ao presente: é importante frisar que sou uma jumenta (reservei o hotel sem o café da manhã), mas uma jumenta malandrilsa, porque usei a carta "vocês vão me deixar sem café da manhã no meu aniversário?" quando fiz o check-in, e eles abriram a porteira pra mim!
quando desci, confirmei com a concierge se poderia ir tomar café e ela disse que estava tudo ok. quando fui entrar no salão, a recepcionista me desejou feliz aniversário (sei que é mercadológico, mas foi tão fófis! se queriam me enganar com pouco, conseguiram!).
entre as coisas que estavam dispostas pro café, a que mais me chamou a atenção é que tinha feijão servido à mesa. nem eu, que sou v1d4l0k4 quando viajo, tive coragem de experimentar...
saindo de lá, esperamos parte da delegação brasileira chegar para irmos pra uma visita técnica em Pretoria. de lá, voltamos pra Joanesburgo e os póbis que chegaram hoje estavam uma fileira de velas se apagando.
combinamos então de jantar cedo pra cantar os parabéns e, dessa vez, o truque "it's my birthday" não colou, mas pedimos um bolo de cenoura e eles trouxeram com uma velinha! 
não sei descrever a delícia do bolo, mas é absolutamente diferente do que comemos no Brasil! ai, bom demais! salivo só de me lembrar!
voltamos cedo para o hotel, porque ainda estamos semi-descoisados do jet lag, e amanhã teremos muitas agendas antes da feira propriamente começar, no domingo.
especialmente neste sábado, teremos uma agenda extra: um grupo menor resolveu fazer um mini safári cedinho e eu vou!
um amigo comentou que tá só imaginando o momento em que um macaco vai pular no nosso jipe e eu ensurdecer o parque com o grito que vou dar, mas eu, sinceramente, prefiro os leões!

quinta-feira, 22 de junho de 2017

"minha carne não é pro seu bico, queridinho!" - 3º capítulo

no capítulo de ontem, da minissérie "minha carne não é pro seu bico, queridinho!", a saga foi tentar dormir antes do banheiro do avião (que estava a 2m de nós) virar uma rosa de Hiroshima de carniça e nos queimar as narinas.
o assento era tão desconfortável que mal nos lembramos de qualquer cheiro que pudesse vir, e, quando pousamos, o alívio só não era maior do que as nossas olheiras.
finalmente descemos e eu olhava pra tudo com curiosidade. da turma, só eu sou novata em Joanesburgo... resultado: o modo "olho arregalado, querendo absorver tudo" foi ligado. entramos no carro rumo a Pretoria (onde fica Embaixada do Brasil) e elas começaram a pegar piaba com a boca, enquanto eu fazia mil perguntas pro motorista e tinha que estralar os ouvidos pra entender a resposta (o sotaque é muito forte e característico, e ainda não me acostumei com a forma como eles falam).
Tshepo (fiz o motorista escrever o próprio nome, porque eu mesma não me atreveria) começou a explicar os caminhos que fazíamos e fomos percebendo que nossos países, ainda que muito diferentes, têm similaridades, como a relação com o carro.
pequeno aparte: quando fomos para o carro que havia sido destinado para nos auxiliar nos deslocamentos hoje, uma das meninas olhou o modelo e disse que era muito bom! o nome é "Serra Elétrica", "Santa Ceia" ou algo que o valha, mas eu não tenho inteligência nem pra guardar o nome certo, tampouco para reconhecer o bicho na rua!
enquanto falávamos do carro, ele comentou que as pessoas aqui muitas vezes moram de aluguel, mas têm um carro que custa mais do que uma casa. de início eu achei que isso não acontecia muito no Brasil, mas acho que sou eu que conheço pessoas fora da maioria da sociedade.
chegamos na Embaixada, fizemos a reunião de planejamento e pedimos a senha do Wi-Fi pra poder mandar um documento pro trabalho. uma das funcionárias chegou com a senha escrita num post-it (she's a rainbow 1967) e disse, meio constrangida, que era coisa do chefe anterior.
-- mas não é a música dos Rolling Stones?
-- que música?
-- ôxe! a música com esse ano e que deve ter sido lançada nesse ano! -- e comecei a cantarolar a melodia.
as funcionárias da Embaixada se entreolharam em choque, porque nunca lhes havia ocorrido se tratar de uma música!
depois do compromisso, fomos almoçar (num tailandês maravilhoso) e demos uma volta no shopping na Mandela Square. nossas baterias, que já estavam piando, terminaram de acabar. as meninas resolveram ir pro hotel, pois finalmente podíamos fazer o check-in. eu, que tenho um frivião, resolvi aproveitar que o olho ainda não estava totalmente cabra-morteado para pegar o transporte do hotel e voltar pro shopping.
rodei até as panturrilhas ficarem intrigadas comigo mesma (ainda não me perdoaram!) e, depois de ver muita coisa interessante (vou deixar os dicumê pra outro relato, esse já tá gigante!), fui pro ponto de encontro, esperar a van do hotel.
nessa hora eu tava cansada, com frio (tava fazendo mais de 25° quando chegamos, depois que o sol se pra pôs, a temperatura desabou de uma vez!) e com medo de perder a tal da van, porque eu sou uma jumenta e não reconheço carro nenhum. benzadeus eu tinha tirado foto da placa, e fiquei lá esperando, feito uma vela se apagando.
deu o horário, passaram-se os minutos e foi me dando uma agonia: a van é pior que o finado e nada saudoso Paranjana, só passa 1 por hora, e não tinha passado nenhuma, mas já tava fuçando tarde...
eu já tava sentindo que ia começar a chorar de cansaço e de medo de ter que pegar um táxi sozinha; depois de tantas recomendações, eu ia botar a minha cabeça na boca do leão de graça!
foi então que o motorista de uma Mercedes Benz (tive que pesquisar a marca no Google, sou uma jumenta automotiva, não se esqueçam!) me chamou e se identificou como do meu hotel.
-- meu sinhô, o sinhô num vinha numa van? queria que eu adivinhasse como, que iam trocar o carro? -- falei bem zangada, e obviamente ele vai entendeu nada. "desculpaí, tô muito cansada, tô louca, nem me lembrava de que você não fala português!".
finalmente cheguei no hotel, e não tive condições nem de descer pra jantar, de tão escangalhada que tô. amanhã tenho fé que poderei parecer um ser humano novamente.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

"minha carne não é para o seu bico, queridinho!" - 2º capítulo

só pra começar o babado: não havia assentos para nós 3 sentarmos juntas. como basta eu entrar em qualquer veículo, que durmo, as meninas se sentaram juntas e eu fiquei no 69H, um pouco à frente delas (mas ainda terrivelmente perto dos banheiros, que Deus nos ajude!)
o rapaz ao meu lado, além de estar claramente com pouco sangue no seu álcool, estava sentado naquela pose que a papeira desceu (de perna arreganhada) e com os cotovelos insidiosos (te dedico, Pedro Ivo) a postos.
olhei cobiçosamente para o assento ainda vazio perto das meninas e acendi mentalmente uma vela virtual, pedindo que a pessoa fosse gente fina e topasse trocar de canto.
benzadeus a moça era gente boa, trocou o lugar e já fez logo amizade com o rapaz que não me pertence mais!
agora é rezar pra ela não pedir pra destrocar, senão eu vou ter que fingir que tô dormindo o voo inteiro (a quem eu quero enganar? eu VOU dormir o voo inteiro!)

"minha carne não é para o seu bico, queridinho!" - 1º capítulo

na última vez que fui pra Fortaleza, contei pra minha avó que talvez fosse fazer uma viagem a trabalho pra Joanesburgo (África do Sul). eu só contei essa história pra ela porque: a) eu tinha certeza de que não ia rolar; b) eu estava "um pouca" impressionada com as recomendações para a bendita viagem e insanamente curiosa em relação à reação dela.
na reunião de planejamento do evento lá no trabalho, depois que falamos da parte técnica da feira, as meninas que já tinham feito esta viagem informaram que a Embaixada Brasileira recomendou que não andássemos sozinhas sob hipótese alguma, explicando que lá há muitos casos de estupros e de canibalismo. é óbvio que eu fiquei apavorada, especialmente porque alimento uma família de canibais por muito tempo.
fui pesquisar e vi que sim, há muitas recomendações de se ter cuidado, como indicamos para um amigo que vá pra Fortaleza, por exemplo. nós, "os nativos", evitamos alguns lugares e sabemos que devemos andar atentos (e fortes). porém, a questão do estupro é bem séria: no Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos; na África do Sul, a cada 27 segundos 😱
quando contei essa história pra minha avó, ela ficou doida com a possibilidade de um canibal me pegar (ignorou por completo a questão do estupro)! expliquei que a chance de ir era mínima e que, se rolasse, ia ficar o tempo inteiro com a delegação e que tomaria cuidado e talz.
voltando pra brasólia, confirmaram a viagem. conversei com amigos que viajaram pra lá e disseram que a embaixada estava dando uma apavorada básica (mas entendo que é o papel dela fazer isso). tal qual acontece em Tieta, no momento em que me disseram que a viagem ia rolar, minha família toda ficou sabendo e minha avó (a póbi) ficou preocupadíssima.
ligou pro meu irmão, que passou o recado no whatsapp e eu liguei pra ela na sequência:
-- minha filha, você vai mesmo ser devorada? porque você só anda nesses cantos?
-- calma, vó! vou viajar, mas --
-- eu tô muito preocupada! você me prometa que não vai se meter com tribos de canibais!
-- vó, eu tô indo pra uma cidade grande, lá não tem tribo nenh --
-- não interessa! esses homens são tudo fortes! o que eles comem deve dar sustança!
-- huahuahuahuahuahua
-- você tá rindo? ah, mas eu tô muito preocupada! perguntei até pro Chico (meu tio) se os canibais te colocariam num caldeirão! ele disse "seria um desperdício, mamãe! Raquel ficaria muito mais suculenta no espeto!"
-- com a maçã na boca! huahuahuahuahuahua
-- minha filha, tome cuidado... canibal não gosta de mulher das pernas secas! olha essa sua coxa! eles vão ficar loucos! [minha mãe me lembrou nos comentários dessa outra parte do carão que a vó me deu]
-- vó, já lhe disse, vou pra uma feira internacional, num vou ficar batendo perna tresloucadamente por aí não...
-- e os canibais não podem entrar na feira não?
-- não vende carne humana na feira, posso garantir pra senhora!
ela foi se acalmando (pelo menos achei que sim, parou de gritar no telefone) e me fez mil recomendações pra não entrar em caldeirões e nem aceitar convites de tribos. no final, ela me pediu pra levar uma lembrancinha: "mas não quero nada de canibal, viu?"
e esta foi a primeira parte desta saga que se desenrolará nos próximos dias -- sem mordidas, espero!

terça-feira, 13 de junho de 2017

a bendita polissonografia



no meio da tarde recebi a ligação da técnica confirmando a polissonografia (esse exame que eu tô toda parafusada, na foto que postei há pouco), recomendando que eu usasse roupas confortáveis e que bebesse pouca água.
-- vaila, beber água atrapalha o exame?
-- não, mas os eletrodos ficam ligados num aparelho e você vai ter que ficar no seu quarto, apenas.
(mesmo sendo suíte, ela me apavorou de eu ter que ficar igual a galinha presa no pé do galinheiro e ter que hipnotizar a bexiga, mas deu pra ir ao banheiro tão de boa quanto possível)
-- e vocês chegam que horas?
-- umas 20h, mais tardar 20h15 estaremos aí!
-- tá. vocês chegam nesse horário, me enchem de eletrodos e eu vou ter que dormir imediatamente? (quase perguntei se ela ia dar uma paulada na minha cabeça, pra eu dormir nesse horário)
-- não, você pode dormir só depois, mas vai precisar ficar no cativeiro (mentira, ela disse 'na cama', mas eu já estava me sentindo sequestrada antes mesmo dos técnicos chegarem)
finalmente vieram e trouxeram uma cabeçada de coisas. a técnica passou uma cera no meu cabelo que eu sei que, quando for tirar esse grude, vou chorar igual a Carolina Dieckmann raspando a cabeça, ao som de Love by Grace.
quando eu achei que isso era o pior, ela prendeu um troço no meu nariz. incomodou, mas dava pra respirar. então ela veio vou um segundo apetrecho, maior, socou nas minhas parcas narinas e disse que eu não podia tirar o coiso. o problema é que eu simpremente não conseguia respirar com aquela coisa estrompando o meu nariz.
eu comecei a me agoniar e pensei: "agora eu não vou poder fazer o exame porque o jumento daquele médico não reparou que o meu nariz é PP e ainda vou ficar com o cabelo essa maçaroca?"
-- não tem problema, tô vendo que você não tem condições de ficar com o XXXX (sei lá o nome do arrombador de narinas), mas os eletrodos mais importantes já estão ok.
depois que ela tirou o coiso eu fiquei tão mais dócil que agora tô achando que aquele trambolho era um trote, pra eu parar de me incomodar com o exame.
depois de quase 1h de atraso -- trouxeram um cabo errado, foram buscar outro e o laptop não funcionava, trocaram o computador --, finalmente me deixaram com a cabeça igual a uma almofada de bilro, mas não tá incomodando.
agora que tô com a luz desligada, tô me sentindo o ET com esse dedo brilhando, e dizendo "seeeejaaa booooom" e rindo da 
marmota 


quarta-feira, 7 de junho de 2017

disputa de comidas exóticas no uber

voltando pro hotel, o motorista do Uber perguntou se estou aqui a trabalho e comentei que vim pra feira, blá blá blá whiskas sachê, e comecei a contar das seções que têm no andar onde fico e disse que ainda estou surpresa com a coxinha de jaca (analisando mais friamente, eu só tinha como me surpreender para o bem, pois meu íntimo me dizia que só podia ser horrível -- pra vocês verem como eu ando mal acompanhada por mim mesma).
ele riu e ficou bastante surpreso e curioso, e disse que ia tentar ir na feira pra provar algumas das coisas. depois comentou que ele tinha comido algumas coisas estranhas num treinamento do trabalho.
-- a Uber treina vocês com pratos exóticos???
-- não, hahaha, foi no meu outro trabalho, eu comi grilo frito e "tenébrio".
-- tenébrio? meldels, o que há de ser isso?
-- esse é o nome chique, tenébrio é larva.
-- igual a tapuru? ou maior?
-- maior, como uma minhoca!
-- e tu trabalha onde? no BOPE? isso foi no treinamento do tropa de elite?
-- não, trabalho numa livraria.
-- ???
-- um autor que escreve sobre viagens veio fazer uma palestra pra gente e trouxe alguns pratos que ele tinha provado pelo mundo, e a gente acabou experimentando!
chegamos no meu hotel e ele sacou o celular pra me mostrar o vídeo dele comendo tapuru e, benzadeus, não carregou.

terça-feira, 6 de junho de 2017

minha peleja eterna: acordar cedo

ter que acordar cedo, pra mim, é um eterno suplício, especialmente quando preciso fazer isso por motivos de trabalho, ou seja, preciso parecer um ser humano, e não este farrapo que boceja e rosna (às vezes simultaneamente).
vou me arrastando por esse mundo me perguntando como as pessoas que também estão acordadas não parecem tão miseráveis como eu. alguns dizem que gostam de acordar nesse horário imoral. SEI!
como se já não fosse absolutamente antinatural estar de olhos abertos neste horário, ontem acabei ficando no trabalho até 21h30, pra resolver os abacaxis que davam antes da viagem.
cheguei em casa já semi-moribunda e só terminei a minha mala e fui efetivamente me deitar por volta de 1h30, com o despertador dolorosamente marcado pras 5h (nesse momento, sobe a trilha sonora: Love by Grace, Lara Fabian).
morrendo de medo de perder o despertador, acordei absolutamente desorientada (não sabia se estava em casa ou num hotel), mas com uma única certeza: eu tinha dormido demais e perdido o voo.
me levantei no breu (meu quarto é praticamente uma gruta) e fui tateando as paredes, procurando o interruptor. quando finalmente vi onde estava e vi que o relógio marcava 3h, percebi que o dia será longo e tenebroso.
já no aeroporto, completamente aparvalhada, tentei colocar um livro de volta na bolsa e quase não consigo executar essa tarefa simples, sob o olhar de cabra morta do segurança do raio x.
-- desculpa, moço, é que eu não funciono de manhã...
-- eu também não! -- ele respondeu, apático, e eu lhe devolvi um olhar de cabra morta cheio de compreensão.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

a verdade sobre o meu trabalho

fiquei, durante muito tempo, pensando se mantinha o mistério ou se explicava com o quê eu trabalho, mas, como sou servidora pública, é praticamente meu dever contar esse babado pra vocês.
eu sou Analista Técnica de Políticas Sociais. esta carreira foi criada pelo Ministério do Planejamento, mas existe uma treta interna (em tudo o que me envolvo tem treta, relevem), e fui lotada, desde julho de 2013, no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
o MDA trabalhava com políticas e ações para a promoção da agricultura familiar, fazendo frente (e muita vezes se digladiando furiosamente) com a bancada ruralista (que dispensa apresentações).
ano passado, por conta de C E R T O S G O L P E S, o MDA foi extinto, mas suas atribuições foram repassadas momentaneamente para o MDS (que virou MDSA -- Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário). duas semanas depois, fomos de mala e cuia para a Casa Civil/Presidência da República, onde estamos lotados até hoje, como Sead (Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário).
não vou entrar em elucubrações políticas, isso fica para os encontros ao vivo, mas era importante esta contextualização para finalmente vocês se convencerem (será?) de que eu não trabalho na CVC (tá mais pra Game of Thrones, mesmo).
depois de ter passado por uma cabeçada de setores, geralmente fazendo assessoria, no começo desse ano finalmente vim trabalhar numa Secretaria finalística (que é onde se trabalha diretamente com o planejamento e a execução das políticas).
trabalho na Coordenação-Geral de Agroeocologia e Produção Sustentável. as viagens que fiz nesses últimos meses foram para conhecer práticas de produção sem uso de químicos, realizar seminários e oficinas para fomentar o mercado de produtos da sociobiodiversidade, agroecológicos e orgânicos, além de participar de feiras e de eventos que promovam o tema.
como diz o meu chefe, se acharem um sapato verde na porta do Ministério, mandam pra nossa sala, para análise e providências.
é isso, meu povo. viram como é simples? 

Vó Tereza saiu do hospital! \o/

pessoas, minha avó recebeu alta do hospital hoje e já está truando loucamente em casa! \o/ aproveito para agradecer mais uma vez por toda...