quinta-feira, 22 de junho de 2017

"minha carne não é pro seu bico, queridinho!" - 3º capítulo

no capítulo de ontem, da minissérie "minha carne não é pro seu bico, queridinho!", a saga foi tentar dormir antes do banheiro do avião (que estava a 2m de nós) virar uma rosa de Hiroshima de carniça e nos queimar as narinas.
o assento era tão desconfortável que mal nos lembramos de qualquer cheiro que pudesse vir, e, quando pousamos, o alívio só não era maior do que as nossas olheiras.
finalmente descemos e eu olhava pra tudo com curiosidade. da turma, só eu sou novata em Joanesburgo... resultado: o modo "olho arregalado, querendo absorver tudo" foi ligado. entramos no carro rumo a Pretoria (onde fica Embaixada do Brasil) e elas começaram a pegar piaba com a boca, enquanto eu fazia mil perguntas pro motorista e tinha que estralar os ouvidos pra entender a resposta (o sotaque é muito forte e característico, e ainda não me acostumei com a forma como eles falam).
Tshepo (fiz o motorista escrever o próprio nome, porque eu mesma não me atreveria) começou a explicar os caminhos que fazíamos e fomos percebendo que nossos países, ainda que muito diferentes, têm similaridades, como a relação com o carro.
pequeno aparte: quando fomos para o carro que havia sido destinado para nos auxiliar nos deslocamentos hoje, uma das meninas olhou o modelo e disse que era muito bom! o nome é "Serra Elétrica", "Santa Ceia" ou algo que o valha, mas eu não tenho inteligência nem pra guardar o nome certo, tampouco para reconhecer o bicho na rua!
enquanto falávamos do carro, ele comentou que as pessoas aqui muitas vezes moram de aluguel, mas têm um carro que custa mais do que uma casa. de início eu achei que isso não acontecia muito no Brasil, mas acho que sou eu que conheço pessoas fora da maioria da sociedade.
chegamos na Embaixada, fizemos a reunião de planejamento e pedimos a senha do Wi-Fi pra poder mandar um documento pro trabalho. uma das funcionárias chegou com a senha escrita num post-it (she's a rainbow 1967) e disse, meio constrangida, que era coisa do chefe anterior.
-- mas não é a música dos Rolling Stones?
-- que música?
-- ôxe! a música com esse ano e que deve ter sido lançada nesse ano! -- e comecei a cantarolar a melodia.
as funcionárias da Embaixada se entreolharam em choque, porque nunca lhes havia ocorrido se tratar de uma música!
depois do compromisso, fomos almoçar (num tailandês maravilhoso) e demos uma volta no shopping na Mandela Square. nossas baterias, que já estavam piando, terminaram de acabar. as meninas resolveram ir pro hotel, pois finalmente podíamos fazer o check-in. eu, que tenho um frivião, resolvi aproveitar que o olho ainda não estava totalmente cabra-morteado para pegar o transporte do hotel e voltar pro shopping.
rodei até as panturrilhas ficarem intrigadas comigo mesma (ainda não me perdoaram!) e, depois de ver muita coisa interessante (vou deixar os dicumê pra outro relato, esse já tá gigante!), fui pro ponto de encontro, esperar a van do hotel.
nessa hora eu tava cansada, com frio (tava fazendo mais de 25° quando chegamos, depois que o sol se pra pôs, a temperatura desabou de uma vez!) e com medo de perder a tal da van, porque eu sou uma jumenta e não reconheço carro nenhum. benzadeus eu tinha tirado foto da placa, e fiquei lá esperando, feito uma vela se apagando.
deu o horário, passaram-se os minutos e foi me dando uma agonia: a van é pior que o finado e nada saudoso Paranjana, só passa 1 por hora, e não tinha passado nenhuma, mas já tava fuçando tarde...
eu já tava sentindo que ia começar a chorar de cansaço e de medo de ter que pegar um táxi sozinha; depois de tantas recomendações, eu ia botar a minha cabeça na boca do leão de graça!
foi então que o motorista de uma Mercedes Benz (tive que pesquisar a marca no Google, sou uma jumenta automotiva, não se esqueçam!) me chamou e se identificou como do meu hotel.
-- meu sinhô, o sinhô num vinha numa van? queria que eu adivinhasse como, que iam trocar o carro? -- falei bem zangada, e obviamente ele vai entendeu nada. "desculpaí, tô muito cansada, tô louca, nem me lembrava de que você não fala português!".
finalmente cheguei no hotel, e não tive condições nem de descer pra jantar, de tão escangalhada que tô. amanhã tenho fé que poderei parecer um ser humano novamente.

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